Eram todos os dias iguais. Cheios de sol, tempestades e falta de vontades. Eram dias seguidos de noites, sempre. Nunca um céu de lua cheia.
O tempo guardado dentro do relógio pendurado na parede, a felicidade das cores resumida num esmalte para as unhas.
O mesmo sempre, sempre.
Na lembrança, a menina. Assim fazendo pose pro retrato de ficar na parede. Numa falta de preocupação, como se o futuro fosse certo e o tempo passasse como devia ser. Nunca um medo maior, nunca uma preocupação com o sempre.
E hoje tinham lhe dito que, por alguma razão, era dia de ser dia diferente.
Era dia de abrir a janela, de deixar que lhe dissessem que o futuro seria bom, de receber abraços guardados pra dias como esses. Era hoje um dia de ver o tempo caminhar. De ver os ponteiros do relógio correndo em círculos, sem chegar nunca em lugar nenhum.
Dormia sempre que algo dava errado. Pedindo pra que o mundo corresse pra um lugar melhor. Pedindo pra que tudo fosse diferente na hora de abrir os olhos.
Talvez alguém tenha lhe ouvido, quando acordasse, hoje, duas décadas teriam passado.
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Um comentário:
Pra retribuir o agradável bilhete do ano passado:
Feliz DUAS DÉCADAS (isso soa pesado não? ou de fato sou muito neurótico?).
Eu te amo.
Beijos em você.
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