sexta-feira, 24 de julho de 2009

De sopetão.

É, eu voltei.

Voltei pra minha vida de buzinas, monóxido de carbono e deliverys 24 horas. Voltei pra fazer a dupla virar trio de novo, pra deixar 4 escovas de dentes no armário do banheiro, pra ter cachorro dentro de casa e um quartovermelho.Eu deixei as intermináveis ladeiras de pedra, as repentinas reviravoltas de madrugada, as fumaças e os chás da cozinha. Eu deixei lá com eles um amor imenso.
Eu voltei porque eu tive medo. Tive de medo de um dia abrir os olhos e ter que contar pra alguém que eu não fui o que eu queria tanto ter sido. Medo de olhar no olho e dizer que o que me faltou foi coragem e não vontade. Eu voltei pra buscar motivos. Fui assim sempre... nunca funcionei se não tivesse um bom motivo.
Eu tô juntando os cacos. Acho que deixei um pedaço grande lá...Nem sei falar da falta que eu vou sentir da liberdade, da tranquilidade e da falta de satisfações inúteis. Nem sei falar da saudade deles.
Ficaram lá as igrejas barrocas, artesanatos de pedra sabão, e o relógio do Mickey no banheiro.Eu vou sentir saudade da Tolê. Do tolê.
Acho mesmo é que essa coisa de fazer escolhas é uma grande babaquice. A gente escolhe, se arrepende, volta atrás, escolhe de novo... eu mesma, acho que já escolhi umas 300 vezes e 'desescolhi' uma porção delas tbm. A questão é que a gente nunca consegue ficar inteiro. Tem sempre o cara que deixa saudade,a mãe que deixa saudade... o cheiro de pipoca de madrugada, os bordões sem sentido, os amigos espalhados cada um pro seu lado da fronteira, tudo deixa buraco na gente. Se eu pudesse, apagava essas linhas imaginárias, puxava Minas pro meu bairro e ia comer pão de queijo e falar "uai" na Rua Augusta tomando cerveja.
Eu, se pudesse, juntava tudo que me faz feliz e fugia pra uma dessas Ilhas do Pacífico... só pela paz do nome do oceano.
Agora, eu fecho os olhos e peço pro vento me trazer alguma coisa que faça valer a pena... nem que seja só o próprio vento mesmo, batendo no rosto e balançando o cabelo num dia de calor sem brisa.

Podia ser conto, crônica ou poesia... mas me desculpem, hoje é só desabafo.