sexta-feira, 21 de maio de 2010

Sentada, quase como se não estivesse ali, olhava desatenta para o grupo que se movimentava e emitia ruídos conforme a indicação do senhor com o tamborzinho na mão.
Nem sabia direito o que estava pensando, tantas eram as coisas que lhe tinham entrado na cabeça. O grupo se movia em câmera lenta (1% de movimento havia sido a última indicação), e lhe parecia que quanto menos eles se moviam, mais vertiginosos pareciam.
Dois pares de olhos não lhe saíam da cabeça. É bonito quando uma coisa fixa começa a mudar, como se sempre tivesse havido algo como uma borboleta por baixo de uma carapaça. Como se fosse quase natural, quase óbvio, quase fácil. Um quase fácil que até ali tinha lhe parecido muito dificil.
Era como se se acostumasse com outra fôrma, outro jeito de ser tocada.
Não sabia falar de olhos verdes, tanto tempo havia passado cultuando um par de olhos escuros. (Quanta diferença pode caber em dois olhos verdes?)
Desconcentrou-se com o coro que ria na frente da sala, tentando contagiar-se. Riu junto com eles até que tudo perdesse o sentido e a graça estivesse só na graça do próprio riso.


Era tudo hoje sensação de frescor, como se fosse tudo começar de novo.